segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

15.

"oferenda"
óleo s/tela, 100 x 100 cm
Mª João, 2006
P.V.P.:
"...O ocre ferruginoso é relativamente comum, particularmente nas regiões de solo calcário onde se encontram as grutas. A sua tonalidade varia do amarelo ao vermelho e ao castanho, consoante o mineral e o seu uso, cru ou calcinado. É um dos pigmentos de base que serviram aos pintores das grutas.
Com frequência, encontramos fragmentos de ocre talhados em ponta como um lápis, ou pedaços raspados e facetados, ou ainda calhaus que serviram para triturar o corante.(...)
Num certo número de sepulturas, encontra-se o esqueleto mergulhado numa camada de ocre e fortemente tingido de vermelho.(...)
Encontramos enfim o ocre espalhado pelo chão das habitações. Várias camadas de Arcy-sur-Cure são assim separadas. A que corresponde ao Aurignacense médio apresenta um aspecto verdadeiramente extraordinário: sobre o empedrado bem nítido do espaço habitado, há uma camada de dez a vinte centímetros de espessura de ocre vermelho-violeta quase puro, misturado com restos de vida quotidiana. Este ocre foi trazido, às centenas de quilos, de um local situado a cerca de um quilómetro, do outro lado do rio..."
In André Leroi-Gourham, 'Os Caçadores da Pré-História', 1983

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

14.

'Baptista'
óleo s/ tela, 73 x 116 cm
Mª João, 2006



"...É por isso que tais signos picturais impedem, de repente, qualquer relação unívoca de atribuição, tanto na sua acepção lógica como iconológica. Tais signos têm o valor de deslocação, de passagem, de associação e não de definição, identificação ou afirmação.
A existir um pensamento próprio das imagens, será o pensamento associativo, translata, o pensamento que se estrutura no seio do seu próprio deslocamento.
A imagem, inapta - ou antes, insensível - ao estrito pensamento lógico, retira desta mesma insensibilidade toda a força significante."
In George Didi-Huberman, 'Fra Angelico, Dissemblance et Figuration', Flammarion, Paris, 1990.(trad. minha)




terça-feira, 23 de setembro de 2008

13.

"Quaresma - cordeiro místico"
óleo s/ tela
92 x 73cm
M João, 2006 (vendido)


'Resumindo: parece-nos que achamos um facto importante, que fatalmente se deu, colocado na aurora da espécie. Veremos que a sua tradição e mitos estão universalmente espalhados e, por fim, provaremos que a sua dramatização dá o sacrifício (...) Ora, todos os mitos do pecado original atribuem a queda ao uso de um alimento novo...Sabemos , porém, que o antropóide era frugívoro, logo essa mudança de regimen foi da fruta para a carne.'

In Aarão de Lacerda, O Fenómeno Religioso e a Simbólica', Lisboa, Guimarães Editores.












segunda-feira, 21 de julho de 2008

12.

da série: Iconografia
"Paixão"
óleo s/ tela
Mª João, 2005
"Muitas vezes, no decurso da existência, a realidade me decepcionara porque, ao vislumbrá-la, a minha imaginação, meu único orgão para sentir a beleza, não se lhe podia aplicar, devido à lei inevitável em virtude da qual só é possível imaginar-se o ausente. E eis que repentinamente se neutralizava, se sustinha o efeito dessa dura lei, pelo expediente maravilhoso da natureza, fazendo cintilar a mesma sensação tanto no passado, o que permitia à imaginação gozá-la, como no presente, onde o abalo efectivo dos sentidos, pelo som, pelo contacto, acrescentara aos sonhos da fantasia aquilo de que são habitualmente desprovidos, a ideia da existência, e, graças a esse subterfúgio, me fora dado obter, isolar, imobilizar-a duração de um relâmpago-o que nunca dantes apreendera: um pouco de tempo em estado puro".
Marcel Proust
in Em Busca do Tempo Perdido, vol. VII, o tempo redescoberto.
Edição Livros do Brasil, Lisboa,trad. de Mário Quintana.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

11.

da série: Iconografia
"Fuga para o Egipto"
óleo s/ tela, 73 x 92 cm
"...Talvez esse escritor não possa pensar em alcançar ou comover os cultores de James Michener e Irving Wallace, para não falar dos analfabetos lobotomizados pelos mass media, mas poderá pensar em alcançar e divertir, pelo menos algumas vezes, um público mais vasto do que o círculo daqueles a que Thomas Mann chamava os primeiros cristãos, os devotos da Arte...(...)
Ele pretende simplesmente derrubar a barreira erguida entre a arte e o prazer. Pressente que chegar a um público vasto e povoar os seus sonhos talvez signifique hoje ser de vanguarda e deixa-nos ainda a liberdade de afirmar que povoar os sonhos dos leitores não quer dizer necessariamente consolá-los. Pode querer dizer obcecá-los."
Umberto Eco in "Porquê «O Nome da Rosa»?", Edit. Difel, 1984.

terça-feira, 8 de julho de 2008

10.

da série: Iconografia
"O Manto Azul"
óleo s/ tela, 50 x 50 cm
MJoão, 2006
"O dominicano Giovanni Balbi de Gênes, no sec. XIII, deu-nos uma definição espantosa de figura num dicionário célebre, o Catholicon, largamente utilizado até ao alvorecer do séc. XVI.
No artigo figurare deste dicionário escrito em latim, lê-se: Figurare, a um nível superficial, significa representar uma coisa sob o seu aspecto natural (forma naturae). Mas a um nível bem mais profundo e essencial, figurare torna-se um verbo muito paradoxal, equivalente aos dois verbos praefigurare e mesmo defigurare. Porquê? Porque o acto de figurar consiste estritamente em «transportar ou deslocar o sentido (o sentido da coisa que queremos significar) para uma outra figura» (in aliam figuram mutare). É neste transporte e nesta alteridade que se constitui todo o paradoxo da figura como teia de relações. Figurar uma coisa não é portanto restituir-lhe o seu aspecto natural ou "figurativo".
É exactamente do contrário que se trata, de levar a cabo todo um deslocamento do seu aspecto, para tentar apreender ou aproximar por um desvio, da sua verdade essencial".
In "L´image ouverte: motifs de l'incarnation dans les arts visuels" de George Didi-Huberman, Gallimard, 2007 (trad. minha).

sábado, 28 de junho de 2008

9.

da série: Iconografia
"Encarnação"
óleo s/ tela, 50 x50 cm
MJoão, 2006
"Assim, foi mais a exigência da natureza das minhas aspirações do que qualquer falta degradante que me tornou o que fui e separou em mim, com uma fronteira mais nítida do que na maioria das pessoas, os domínios do bem e do mal em que se divide e de que se compõe a dupla natureza do homem.
Fui, deste modo, levado a reflectir profundamente, frequentemente, nesta terrível lei da vida que está na origem da religião e que é uma das mais abundantes fontes de angústia. Embora fosse tão profundamente dúplice, não era, de nenhum modo, um hipócrita; ambos os meus aspectos eram profundamente sérios; era igualmente eu, quer quando me punha de parte, reservado e cheio de vergonha, quer quando, em plena luz, trabalhava pelo avanço da ciência e procurava aliviar a tristeza e a dor. Ora aconteceu que os meus estudos científicos, reagiram e lançaram uma forte luz sobre esta consciência duma luta perpétua entre os elementos que me constituíam. A cada dia que passava e pelos dois lados do meu espírito, o moral e o intelectual, ia cada vez mais perto daquela verdade, cuja descoberta, embora parcial, me condenou a tão terrível desastre: a verdade de que o homem não é, na realidade, uno, mas duplo. E digo duplo porque o estado dos meus conhecimentos não me permite ir além deste ponto. Outros irão mais longe do que eu, outros descobrirão mais na mesma direcção; e atrevo-me a prever que um dia se descobrirá que o homem é simplesmente uma comunidade de variados, incompatíveis e independentes cidadãos."
In 'O Estranho Caso do Dr Jekyll e Mr.Hyde' de Robert Louis Stevenson;Edit. Relógiod'Água,1987; Trad. de Agostinho da Silva.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

8.

da série: Iconografia

"Antoninho"
óleo s/tela, 80 x 30 cm

MJoão, 2007
"Nada nos envelhece mais do que uma colecção de objectos de arte.
Tirou, um por um, os personagens da Commedia, das prateleiras, e colocou-os no charco de luz onde pareciam patinar no tampo de vidro da mesa, girando nos seus pedestais de espuma dourada, como se ficassem para ali a rir, a rodopiar e a improvisar eternamente.
Scaramouche dedilharia a guitarra.
Brihella aliviaria os passeantes das suas bolsas.
O Capitão, como todos os militares, brandiria infantilmente a sua espada.
O Doutor mataria os pacientes a fim de os livrar das doenças.
Os anéis de macarrão ficariam para sempre suspensos por cima das narinas de Pulichinelo.
Pantalão babar-se-ia de gozo diante dos seus sacos a abarrotar de dinheiro.
A Innamorata, como todos os travestis deste mundo, seria seguida por uma multidão a caminho do teatro.
Colombina continuaria pela eternidade fora apaixonada por Arlequim - «era pura loucura confiar nele».
E Arlequim...O Arlequim...o arqui-improvisador, brincalhão, malandro, o rei dos vira-casacas...pavonear-se-ia para todo o sempre na sua pulmagem multicor, sorriria maliciosamente por detrás da máscara, entraria sorrateiramente nas alcovas, venderia fraldas para os filhos do Grande Eunuco, dançaria à beira do abismo...O Perfeito D. Camaleão!"
In 'UTZ', de Bruce Chatwin; Quetzal Editores, Lisboa 1991; trad. de José Luis Luna

terça-feira, 24 de junho de 2008

7.

da série: Iconografia
'Calvário'
óleo s/ tela, 80 x 30 cm
MJoão, 2003
'IMAGEM (ESTIL.)
A imagem é uma das figuras de pensamento, que se reduz a uma confrontação de um objecto com outro, por forma concisa, e sem a veleidade de pretender caracterizar todas as semelhanças que existam entre os dois objectos. Em última análise, a imagem nada mais é do que uma metáfora desenvolvida de modo a fugir à simples comparação, para mais incisivamente dar uma transfiguração mais impressiva. A frase «os olhos são o espelho da alma», constitui uma imagem impressiva, mas o mesmo não sucede já com estoutra, em que se não eliminou o termo de comparação: «os olhos são como que o espelho da alma». (...) A imagem é um recurso de que se lança mão para se deixar ao ouvinte ou ao leitor, o prazer de descobrir quais os pontos de contacto que pretendemos frisar, nas relações entre dois objectos diferentes. (...)'
In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira

quarta-feira, 18 de junho de 2008

6.

da série: iconografia
"António"
óleo s/ tela, 73 X 60
MJoão, 2007
"É na incapacidade da ironia que reside o traço mais fundo do provincianismo mental. Por ironia entende-se, não o dizer piadas, como se crê nos cafés e nas redacções, mas o dizer uma coisa para dizer o contrário. A essência da ironia consiste em não se poder descobrir o segundo sentido do texto por nenhuma palavra dele, deduzindo-se porém esse segundo sentido do facto de ser impossível dever o texto dizer aquilo que diz. Assim, o maior de todos os ironistas, Swift, redigiu, durante uma das fomes na Irlanda, e como sátira brutal à Inglaterra, um breve escrito propondo uma solução para essa fome. Propõe que os irlandeses comam os próprios filhos. Examina com grande seriedade o problema, e expõe com clareza e ciência a utilidade das crianças de menos de sete anos como bom alimento. Nenhuma palavra nessas páginas assombrosas quebra a absoluta gravidade da exposição; ninguém poderia concluir, do texto, que a proposta não fosse feita com absoluta seriedade, se não fosse a circunstância, exterior ao texto, de que uma proposta dessas não poderia ser feita a sério.
A ironia é isto. (...)"
Fernando Pessoa
'O Provincianismo Português' (1928) in «Notícias Ilustrado», nº 9, Lisboa, 12-VIII-1928

sexta-feira, 30 de maio de 2008

5

da série: Iconografia
"Sebastião"
óleo s/ tela, 80 x 30 cm
MJoão, 2003

"Pois deves saber que nós poetas não podemos seguir o caminho da beleza sem que Eros se nos depare e se torne nosso guia; podemos bem ser heróis à nossa maneira e guerreiros honestos, mas somos sempre como as mulheres, pois a paixão é a nossa sublimação e o nosso desejo será sempre o amor - é esta a nossa vontade e a nossa vergonha. Vês agora por que é que nós poetas não podemos ser sábios nem dignos? Que seguimos necessariamente o caminho falso, que necessariamente permanecemos libertinos e aventureiros do sentimento? A mestria do nosso estilo é mentira e loucura, a nossa fama e distinção uma farsa, a confiança do público em nós altamente ridícula e a educação do povo e da juventude através da arte um empreendimento arriscado, a proibir. De outro modo, como poderia ser educador aquele que tem inata uma incorrigível e natural atracção para o abismo?"

In «A Morte em Veneza», Thomas Mann, edit. Relógio d'Água 1987, trad. Cláudia Fisher.


quinta-feira, 29 de maio de 2008

4.


da série: Iconografia
"O Beijo de Judas"
óleo s/ tela, 30 x 50 cm
Mª João, 2004
vendido
"Ágaton levantou-se, pois, para se instalar ao pé de Sócrates. Mas eis que de repente uma horda de foliões chega à entrada da porta de casa. Ao vê-la casualmente aberta por alguém que saía, avançaram logo direitos à sala e instalaram-se. Foi uma perturbação geral e, sem sombra de ordem, era-se obrigado a beber vinho em grande quantidade. Erixímaco, Fedro e mais alguns outros, segundo Aristodemo, aproveitaram a altura para se irem embora. Quanto a ele, deixou-se invadir pelo sono e dormiu a bom dormir - pois as noites eram então longas - para só acordar de madrugada, quando já os galos cantavam.
Ao abrir os olhos, reparou que uns estavam a dormir e que outros se tinham já ido embora. Apenas Ágaton, Aristófanes e Sócrates se mantinham acordados, a beber por uma grande taça que iam passando pela direita. Sócrates estava a conversar com eles. Aristodemo pouco se lembrava do que diziam, pois não tinha seguido a conversa de início e, além disso, estava ainda ensonado. Mas, de uma maneira geral, Sócrates insistia em fazer-lhes ver que o mesmo homem que sabe compor tragédias sabe também compor comédias, e que aquele que tem a arte do poeta trágico tem também a do poeta cómico."
In «O Banquete», Platão, Edit. 70, trad. Mª Teresa S. de Azevedo
"Tal como o homem verdadeiro e bom do Hípias Menor é o que é capaz de fazer mal e mentir, assim também o poeta que sabe representar a face trágica da vida deve saber representar a sua face cómica".
In Notas da tradutora à obra citada.






quarta-feira, 28 de maio de 2008

3.

da série: Iconografia
"Criação de Eva"
óleo s/ tela, 27 x 55 cm
Mª João, 2004

Desclassificação da matéria; ela não é ideológica

"Entre velar e revelar se joga, ao longo desta história, o fim último da pintura. Paul Klee dirá que a arte torna visível. Talvez isso tenha funcionado durante algum tempo e sobretudo como um programa para o modernismo. Não ficaria ele espantado com o papel da visibilidade nos dias de hoje? O excesso de imagem a que estamos submetidos submerge e impede ou dificulta o conhecimento em vez de o apoiar, e a ideia de Klee parece pedir uma espécie de inversão em que o papel libertador da arte passe por uma espécie de contenção purificadora que recupere o velar, ocultar, como elemento a considerar no que se exibe ou revela. Assim, o que uma pintura mostra num novo regime de visibilidade - o nosso, de hoje - é sempre um detalhe sem a nostalgia do absoluto.Afinal não nos restam senão fragmentos, hipóteses entre infinitas combinações possíveis."

In Prefácio de Manuel San Payo a «A Obra-Prima Desconhecida», Honoré de Balzac, trad. Silvina Lopes, Edit. Vendaval, 2002

terça-feira, 27 de maio de 2008

2.


Mª João Rato
da série: Pinturas de boudoir

"Paisagem com ombro"
óleo s/ tela, 50 x 70 cm , 2004





"CYRIL. (entra, transpondo a janela aberta que dá para o terraço). Meu caro Vivian, não te feches todo o dia na biblioteca. Está uma tarde perfeitamente encantadora. O ar embriaga de tanta suavidade. Há neblina nos bosques e um esplendor purpurino nas árvores. Vamos sair daqui, estender-nos na relva, fumar cigarros, desfrutar a Natureza.
VIVIAN. Desfrutar a Natureza! É bom de dizer. Perdi inteiramente essa faculdade. As pessoas garantem-nos que a Arte nos faz amar a Natureza muito mais do que a amaríamos sem ela, e que os segredos da segunda nos são revelados pela primeira. Também dizem que após o estudo minucioso de Corot e Constable vemos coisas naturais que antes tinham escapado à nossa observação. A minha própria experiência diz-me o contrário: quanto mais estudo a Arte, menos me interessa a Natureza(...)
CYRIL. Bem, não é preciso olhar para a paisagem. Basta estender-nos na relva, fumar e conversar.
VIVIAN. Mas a Natureza é tão desconfortável. A relva é dura, e áspera, e húmida, e cheia de medonhos insectos pretos. (...) Se a Natureza fosse confortável, a arquitectura nunca teria sido inventada."


In«O Declínio da Mentira», Oscar Wilde, Edit. Vega 2005, trad. Ernesto Sampaio

1.

da série: Pinturas de boudoir
"Parece mesmo o Paraíso"

Óleo s/ tela, 50 x 70 cm

ano: 2004


"Esta é uma história para ser lida na cama, numa casa velha, em noite de chuva. Os cães dormem e os cavalos de sela - Dombey e Trey - fazem ouvir-se nos estábulos do outro lado da rua suja, por detrás do pomar. A chuva é suave e de uma necessidade sem desespero. Os lençóis de água estão num nível satisfatório, o rio que corre perto está cheio, os jardins e os pomares - estamos num virar de estação - estão convenientemente irrigados. Quase todas as luzes estão apagadas na pequena aldeia perto da cascata onde, antigamente, o moinho costumava produzir riscado de algodão.(...)A vila chamava-se Janice, o nome da primeira mulher do dono do moinho. A norte da vila situava-se o Lago de Beasley - uma massa de água profunda, em forma de cotovelo, com margens densamente arborizadas. Aqui havia água e verdura e um pintor do século dezanove teria posto em primeiro plano uma linda mulher numa mula, ligeiramente debruçada sobre a criança que tinha nos braços e acompanhada por um homem com um bastão. Isto permitiria ao artista chamar ao quadro «Fuga para o Egipto», embora tudo o que ele quisesse celebrar fosse o seu prazer desconcertante numa bela paisagem de um dia de Verão".

In "Parece mesmo o Paraíso" de John Cheever, edit. Relógio d'Água, 1987