segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
15.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
14.
"...É por isso que tais signos picturais impedem, de repente, qualquer relação unívoca de atribuição, tanto na sua acepção lógica como iconológica. Tais signos têm o valor de deslocação, de passagem, de associação e não de definição, identificação ou afirmação.
A existir um pensamento próprio das imagens, será o pensamento associativo, translata, o pensamento que se estrutura no seio do seu próprio deslocamento.
A imagem, inapta - ou antes, insensível - ao estrito pensamento lógico, retira desta mesma insensibilidade toda a força significante."
In George Didi-Huberman, 'Fra Angelico, Dissemblance et Figuration', Flammarion, Paris, 1990.(trad. minha)
terça-feira, 23 de setembro de 2008
13.
óleo s/ tela
92 x 73cm
M João, 2006 (vendido)
'Resumindo: parece-nos que achamos um facto importante, que fatalmente se deu, colocado na aurora da espécie. Veremos que a sua tradição e mitos estão universalmente espalhados e, por fim, provaremos que a sua dramatização dá o sacrifício (...) Ora, todos os mitos do pecado original atribuem a queda ao uso de um alimento novo...Sabemos , porém, que o antropóide era frugívoro, logo essa mudança de regimen foi da fruta para a carne.'
In Aarão de Lacerda, O Fenómeno Religioso e a Simbólica', Lisboa, Guimarães Editores.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
12.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
11.
terça-feira, 8 de julho de 2008
10.
sábado, 28 de junho de 2008
9.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
8.
terça-feira, 24 de junho de 2008
7.
quarta-feira, 18 de junho de 2008
6.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
5
"Pois deves saber que nós poetas não podemos seguir o caminho da beleza sem que Eros se nos depare e se torne nosso guia; podemos bem ser heróis à nossa maneira e guerreiros honestos, mas somos sempre como as mulheres, pois a paixão é a nossa sublimação e o nosso desejo será sempre o amor - é esta a nossa vontade e a nossa vergonha. Vês agora por que é que nós poetas não podemos ser sábios nem dignos? Que seguimos necessariamente o caminho falso, que necessariamente permanecemos libertinos e aventureiros do sentimento? A mestria do nosso estilo é mentira e loucura, a nossa fama e distinção uma farsa, a confiança do público em nós altamente ridícula e a educação do povo e da juventude através da arte um empreendimento arriscado, a proibir. De outro modo, como poderia ser educador aquele que tem inata uma incorrigível e natural atracção para o abismo?"
In «A Morte em Veneza», Thomas Mann, edit. Relógio d'Água 1987, trad. Cláudia Fisher.
quinta-feira, 29 de maio de 2008
4.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
3.
"Criação de Eva"
óleo s/ tela, 27 x 55 cm
Mª João, 2004
Desclassificação da matéria; ela não é ideológica
"Entre velar e revelar se joga, ao longo desta história, o fim último da pintura. Paul Klee dirá que a arte torna visível. Talvez isso tenha funcionado durante algum tempo e sobretudo como um programa para o modernismo. Não ficaria ele espantado com o papel da visibilidade nos dias de hoje? O excesso de imagem a que estamos submetidos submerge e impede ou dificulta o conhecimento em vez de o apoiar, e a ideia de Klee parece pedir uma espécie de inversão em que o papel libertador da arte passe por uma espécie de contenção purificadora que recupere o velar, ocultar, como elemento a considerar no que se exibe ou revela. Assim, o que uma pintura mostra num novo regime de visibilidade - o nosso, de hoje - é sempre um detalhe sem a nostalgia do absoluto.Afinal não nos restam senão fragmentos, hipóteses entre infinitas combinações possíveis."
In Prefácio de Manuel San Payo a «A Obra-Prima Desconhecida», Honoré de Balzac, trad. Silvina Lopes, Edit. Vendaval, 2002
terça-feira, 27 de maio de 2008
2.
Mª João Rato
da série: Pinturas de boudoir
"Paisagem com ombro"
óleo s/ tela, 50 x 70 cm , 2004
"CYRIL. (entra, transpondo a janela aberta que dá para o terraço). Meu caro Vivian, não te feches todo o dia na biblioteca. Está uma tarde perfeitamente encantadora. O ar embriaga de tanta suavidade. Há neblina nos bosques e um esplendor purpurino nas árvores. Vamos sair daqui, estender-nos na relva, fumar cigarros, desfrutar a Natureza.
VIVIAN. Desfrutar a Natureza! É bom de dizer. Perdi inteiramente essa faculdade. As pessoas garantem-nos que a Arte nos faz amar a Natureza muito mais do que a amaríamos sem ela, e que os segredos da segunda nos são revelados pela primeira. Também dizem que após o estudo minucioso de Corot e Constable vemos coisas naturais que antes tinham escapado à nossa observação. A minha própria experiência diz-me o contrário: quanto mais estudo a Arte, menos me interessa a Natureza(...)
CYRIL. Bem, não é preciso olhar para a paisagem. Basta estender-nos na relva, fumar e conversar.
VIVIAN. Mas a Natureza é tão desconfortável. A relva é dura, e áspera, e húmida, e cheia de medonhos insectos pretos. (...) Se a Natureza fosse confortável, a arquitectura nunca teria sido inventada."
In«O Declínio da Mentira», Oscar Wilde, Edit. Vega 2005, trad. Ernesto Sampaio
1.
"Esta é uma história para ser lida na cama, numa casa velha, em noite de chuva. Os cães dormem e os cavalos de sela - Dombey e Trey - fazem ouvir-se nos estábulos do outro lado da rua suja, por detrás do pomar. A chuva é suave e de uma necessidade sem desespero. Os lençóis de água estão num nível satisfatório, o rio que corre perto está cheio, os jardins e os pomares - estamos num virar de estação - estão convenientemente irrigados. Quase todas as luzes estão apagadas na pequena aldeia perto da cascata onde, antigamente, o moinho costumava produzir riscado de algodão.(...)A vila chamava-se Janice, o nome da primeira mulher do dono do moinho. A norte da vila situava-se o Lago de Beasley - uma massa de água profunda, em forma de cotovelo, com margens densamente arborizadas. Aqui havia água e verdura e um pintor do século dezanove teria posto em primeiro plano uma linda mulher numa mula, ligeiramente debruçada sobre a criança que tinha nos braços e acompanhada por um homem com um bastão. Isto permitiria ao artista chamar ao quadro «Fuga para o Egipto», embora tudo o que ele quisesse celebrar fosse o seu prazer desconcertante numa bela paisagem de um dia de Verão".
In "Parece mesmo o Paraíso" de John Cheever, edit. Relógio d'Água, 1987