quinta-feira, 29 de maio de 2008

4.


da série: Iconografia
"O Beijo de Judas"
óleo s/ tela, 30 x 50 cm
Mª João, 2004
vendido
"Ágaton levantou-se, pois, para se instalar ao pé de Sócrates. Mas eis que de repente uma horda de foliões chega à entrada da porta de casa. Ao vê-la casualmente aberta por alguém que saía, avançaram logo direitos à sala e instalaram-se. Foi uma perturbação geral e, sem sombra de ordem, era-se obrigado a beber vinho em grande quantidade. Erixímaco, Fedro e mais alguns outros, segundo Aristodemo, aproveitaram a altura para se irem embora. Quanto a ele, deixou-se invadir pelo sono e dormiu a bom dormir - pois as noites eram então longas - para só acordar de madrugada, quando já os galos cantavam.
Ao abrir os olhos, reparou que uns estavam a dormir e que outros se tinham já ido embora. Apenas Ágaton, Aristófanes e Sócrates se mantinham acordados, a beber por uma grande taça que iam passando pela direita. Sócrates estava a conversar com eles. Aristodemo pouco se lembrava do que diziam, pois não tinha seguido a conversa de início e, além disso, estava ainda ensonado. Mas, de uma maneira geral, Sócrates insistia em fazer-lhes ver que o mesmo homem que sabe compor tragédias sabe também compor comédias, e que aquele que tem a arte do poeta trágico tem também a do poeta cómico."
In «O Banquete», Platão, Edit. 70, trad. Mª Teresa S. de Azevedo
"Tal como o homem verdadeiro e bom do Hípias Menor é o que é capaz de fazer mal e mentir, assim também o poeta que sabe representar a face trágica da vida deve saber representar a sua face cómica".
In Notas da tradutora à obra citada.






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