segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

16.

"david"
óleo s/ tela, 100x 100 cm
Mª João, 2006
'...ao estudar as mais variadas teorias produzidas para explicar a experiência estética, notamos logo, independentemente dos diversos pontos de vista, que algumas qualidades e elementos específicos determinam globalmente o caracter dessa experiência. Ela implica sempre uma certa distanciação do espectador, uma certa separação psicológica entre o que está representado na imagem e o que está a ser observado. Todas as teorias concordam em que, quando o observador é levado a uma acção ou a um determinado comportamento que pode avaliar-se em termos educativos, políticos, religiosos ou outros, acaba a experiência estética, naquilo que ela tem de específico.
A experiência estética, já foi dito muitas vezes, é pura contemplação, desinteressada.
Por isso, para uma abordagem dentro do domínio estético, é essencial que a obra de arte seja considerada isoladamente de tudo o resto; preservar a sua autonomia, passa por destacá-la da realidade fora dela. Questionar até que ponto os traços gerais de uma obra têm de comum com a realidade envolvente, é enfraquecer a sua autonomia.
Ora, é importante lembrar que em todos os grandes debates sobre o estatuto da imagem, a atitude estética nunca foi sequer aflorada. Tanto para os destruidores de imagens, os iconoclastas, como para os seus defensores, desde a Antiguidade até à Reforma, a atitude estética estava longe de ser considerada. Por muito radicalmente opostas que fossem as suas posições, partilhavam a convicção que uma imagem não existe por si só, que não é autónoma, e que deve transportar o espectador para lá da mera contemplação. De facto, um estudo destes debates mostra-nos até que ponto é recente a atitude estética e como era insignificante.
In 'Icon, Studies in the history of an Ideia', Moshe Barasch